Cultive o Amor de Deus

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terça-feira, 4 de março de 2014

Contraditório

Senhor, quem habitará no teu santuário? Quem poderá morar no teu santo monte? Aquele que é íntegro em sua conduta e pratica o que é justo, que de coração fala a verdade e não usa a língua para difamar, que nenhum mal faz ao seu semelhante e não lança calúnia contra o seu próximo,

Salmos 15:1-3

Quem estuda direito certamente já ouviu falar no princípio do contraditório. É um princípio constitucional que assegura aos envolvidos em um litígio o direito de se defender, de ser ouvido. É um direito mais que justo, é imprescindível. Aprendi com a minha profissão que jamais podemos decidir algo, definitivamente, sem ouvir a outra parte. As liminares e tutelas antecipadas (decisões na maioria das vezes proferidas sem a oitiva da outra parte) – só devem ser concedidas em casos excepcionais e robustamente comprovados, pois, estaremos decidindo sem obedecer ao princípio em questão. Se a outra parte puder ser ouvida antes da decisão, que assim seja feito! Vocês devem estar pensando que mudei o sentido do Blog, não é? O que tem a ver essa matéria jurídica com o evangelho de Cristo? Pois bem, o que estou querendo dizer é que devemos aplicar o princípio do contraditório em nossas vidas. Sim! Quando alguém nos contar algo, precisamos ouvir o outro lado antes de julgar, antes de tomar qualquer decisão ou atitude. Por mais confiável que seja a pessoa que nos falou, por mais verossímil que a história possa parecer, precisamos ouvir a outra parte. Há sempre algo que pode ser omitido propositadamente ou não. Há sempre algo que pode ser inventado ou, principalmente, exagerado.  As pessoas tem pontos de vista diferentes. As percepções também mudam de formas infinitamente variadas, de modo que precisamos ouvir bem os envolvidos, para nos posicionar. Digo mais. Às vezes, mesmo ouvindo os dois lados, ainda podemos nos equivocar em nossos julgamentos. Por isso, quando não houver necessidade de nos posicionarmos, ou de tomarmos qualquer decisão, melhor mesmo é se abster de julgar. Shalom!


A língua deles é uma flecha mortal; eles falam traiçoeiramente. Cada um mostra-se cordial com o seu próximo, mas no íntimo lhe prepara uma armadilhaJeremias 9:8

Um comentário:

  1. José Maria Nascimento8 de março de 2014 às 10:28

    Isso me lembrou da seguinte lição:

    Certa vez, um homem esbaforido achegou-se ao grande filósofo e sussurrou-lhe aos ouvidos:
    - Escuta, Sócrates... Na condição de teu amigo, tenho alguma coisa muito grave para dizer-te, em particular...
    - Espera!... -ajuntou o sábio prudente. Já passaste o que vais me dizer pelos três crivos?
    - Três crivos? -perguntou o visitante espantado.
    - Sim, meu caro amigo, três crivos. Observemos se tua confidência passou por eles. O primeiro é o crivo da verdade. Guardas absoluta certeza, quanto àquilo que pretendes comunicar?
    - Bem, - ponderou o interlocutor, - assegurar mesmo, não posso...Mas ouvi dizer e ...então...
    - Exato. Decerto peneiraste o assunto pelo segundo crivo, o da bondade. Ainda que não seja real o que julga saber, será pelo menos bom o que me queres contar?
    Hesitando, o homem replicou:
    - Isso não... Muito pelo contrário...
    -Ah! - tornou o sábio - então recorramos ao terceiro crivo, o da utilidade, e notemos o proveito do que tanto te aflige.
    - Útil?!... aduziu o visitante ainda agitado. - Útil não é.
    - Bem - rematou o filósofo num sorriso, - se o que tens a confiar não é verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que de nada valem casos sem edificação para nós!...
    Aí está, meu amigo, a lição de Sócrates, em questão de maledicência...

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